Cerca de 20 entidades atuantes nas áreas de arquitetura e urbanismo, mobilidade urbana, águas, saneamento e direito à cidade apresentam 10 propostas para se resolver de maneira sistêmica as tragédias ocorridas recentemente em BH.
Entidades da sociedade civil de Belo Horizonte se reuniram nesta segunda-feira (17) na Câmara Municipal de BH e entregaram uma carta aberta aos vereadores e aos belo-horizontinos com estratégias e planos que visam minimizar tragédias durante o período chuvoso.
Na avaliação do grupo de entidades, a forma de ocupação do território, a mobilidade urbana e o tratamento dos cursos d’água estão diretamente relacionados às causas e aos impactos dos eventos climáticos extremos. Ainda segundo as entidades, a situação de precariedade gerada pela ausência seletiva do Estado em tantas periferias levou a dezenas de mortes e milhares de pessoas desabrigadas, enquanto nos centros urbanos o equívoco no modo de tratamento das águas produziu inundações, enxurradas e alagamentos assustadores.
As entidades ressaltaram também que trata-se de um processo cíclico, em que o modo de funcionamento das cidades está associado ao aquecimento global e à intensificação de eventos climáticos extremos. Estes, por sua vez, têm seus impactos potencializados pelas situações urbanas: moradias em situações de risco em encostas, territórios impermeabilizados, córregos canalizados e repletos de esgoto, várzeas em torno dos cursos d’água ocupadas com ruas, avenidas e edificações.
O grupo de entidades inclui organizações como o Instituto de Arquitetos do Brasil, o Projeto Manuelzão, os Sub Comitês de Bacia do Ribeirão Onça e do Ribeirão Arrudas, o Movimento Nossa BH e a União de Ciclistas do Brasil, além de outras ongs e movimentos.
Essas entidades e movimentos elencam uma série de propostas para que a cidade possa lidar com as chuvas e com a natureza de modo saudável e seguro.
São elas:
- Drenagem urbana;
- Tratamento de cursos d’água;
- Parques ciliares
- Tratamento de esgoto
- Transporte coletivo
- Proteção de encostas;
- Priorização do transporte coletivo e da mobilidade ativa;
- Desestímulo aos automóveis
- Políticas de moradia
- Gestão participativa
De acordo com as entidades, BH precisa se adeque ao século 21 e essas propostas podem contribuir para isso ao reduzir emissões, criando dinâmicas saudáveis e seguras de relação com as águas, e, ao mesmo tempo, se preparar para eventos climáticos adversos.
Por isso, lidar com as enchentes vai muito além de fazer obras de engenharia. Trata-se de uma mudança de dinâmica urbana, que envolve reduzir ao máximo as emissões, migrar o deslocamento urbano para os transportes coletivos e os modos ativos (bicicleta e a pé), aumentar a arborização para reduzir as ilhas de calor, garantir permeabilidade do solo, recuperar e proteger nascentes e áreas de recarga hídrica, descanalizar córregos, retirar construções dos fundos dos vales, tratar o esgoto e valorizar a água. É um processo de reconstrução de uma cidade que seja mais sensível às águas, à natureza e às pessoas.
Agora a proposta é que as entidades formem um grande grupo de ações. Uma reunião com a prefeitura também foi solicitada.
Confira os arquivos com as 10 propostas completas: