Participe da Virada da Mobilidade em Belo Horizonte!
Ao longo das últimas décadas, Belo Horizonte, assim como outras cidades do mundo todo, foi moldada para (tentar) comportar as centenas de milhares de automóveis que ocupam as ruas. O espaço urbano em toda a cidade foi e continua sendo construído e desconstruído na ilusão da melhoria da fluidez do trânsito dos 1,1 milhão de automóveis que a cidade já possui e aos 250 carros que entram em nossas ruas todos os dias.
O resultado da equação: governos investindo e subsidiando o uso dos automóveis particulares, mais sociedade comprando essa ideia, mais novos carros na rua e uma cidade cada vez mais congestionada, poluída, barulhenta, tediosa e com qualidade de vida baixa.
Desde 1997, na busca por romper esse ciclo permissivo e levar a uma reflexão sobre a dependência criada em relação ao uso do carro, os franceses convencionaram que 22 de setembro seria o Dia Mundial Sem Carro. De lá para cá, cidades do mundo inteiro aderiram à iniciativa e fizeram com que pessoas experimentassem, pelo menos por um dia, outras formas de se locomover pelas cidades.
Com o passar do tempo, a ideia evoluiu e hoje não se trata apenas de promover um dia sem carro, mas uma semana (ou até um mês) da mobilidade. A Semana da Mobilidade tem se configurado um bom momento para mostrar os desafios que as cidades têm pela frente e, assim, induzir mudanças de comportamento no que tange ao uso e ocupação do território.
Desde agosto passado, dezenas de cidadãos e coletivos de BH vem se juntando para promover a Semana da Mobilidade com o objetivo de fomentar o uso do espaço urbano de maneira criativa. Serão promovidas ações de recuperação das áreas urbanas através de iniciativas pontuais, como, por exemplo, a Vaga Viva – uso do espaço de vagas de estacionamento dos carros para promoção de aulas públicas, cafés da manhã comunitários e outras tantas possibilidades de redesenhar esses espaços. É o momento de festejar a cidade para as pessoas.
As políticas públicas são determinadas não apenas por decisões finais, como decretos de prefeitos e possíveis vetos a bons projetos, mas, também, pelo empoderamento dos cidadãos sobre as arenas institucionais de se fazer política e pela criação de espaços, como a Semana da Mobilidade –capazes de gerar bons resultados no que tange à discussão sobre interesses comuns à res publica.
Seja em qual cidade for, cada um de nós é responsável e afetado pela forma como usamos o espaço urbano e os tipos de transporte que escolhemos para tal. Dessa forma, a articulação entre os diversos setores sociais (gestores públicos, coletivos sociais, empresas, universidade, escolas, dentre outras formas de organização social), é o primeiro passo para construir um modelo de cidade que, de fato, coloque a mobilidade das pessoas em primeiro lugar.
Saiba mais sobre a agenda da Semana da Mobilidade enviando e-mail para bhemciclo@gmail.com. Participe!
*Guiherme Tampieri é pesquisador do ITDP Brasil, integrante do Movimento Nossa BH, BH em Ciclo, do Bike Anjo BH, membro do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana e colaborador do Bike é Legal.