Nos dias 12 e 13 de abril, ocorreu em Beagá o evento Cidades & Corpos. Fruto de inquietações a respeito das relações entre mobilidade, gênero, raça e mudanças climáticas, foi proposta uma convergência de pessoas e organizações para se dialogar sobre esses temas. O evento foi construído a muitas mãos, a partir da parceria entre Movimento Nossa BH, ONU-Habitat, BH em Ciclo, Fórum das Juventudes da Grande Belo Horizonte e Coalizão Clima e Mobilidade Ativa. Além de contar com o apoio do Instituto Clima e Sociedade e do Espaço Odara Café & Ofícios.
O encontro de tantos temas, pessoas e organizações foi muito potente, abrindo perspectivas e trazendo vontades para avançarmos na construção de cidades de fato inclusivas. Por isso, lançamos dois relatórios para registrar e compartilhar o que aprendemos e construímos nos diálogos desses dias. Dá uma lida e se insira nessa luta!
A Auditoria de Seguranças das Mulheres foi realizada em parceria entre o ONU-Habitat e Nossa BH junto com moradoras do bairro – como do Grupo de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Terceira Idade, o Projovem Adolescente do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), o projeto Tecendo a Vida e lideranças comunitárias – e mulheres participantes do evento, vindas de outros bairros e, mesmo, cidades. A metodologia da auditoria de segurança, desenvolvida pelo ONU-Habitat, busca, justamente, ouvir mulheres a respeito de suas experiências e visões de segurança no espaço público. Com isso, compreende que é possível identificar intervenções qualificadas, que permitam uma inserção das mulheres em espaços antes tidos como inseguros para elas.
Vimos que as mulheres não apenas percebem e experimentam a cidade de forma diferente dos homens, mas diferenças de classe e raça também fazem parte de percepções distintas de segurança. Uma das maneiras como as mulheres podem se sentir mais seguras e se beneficiarem dos serviços e recursos que as cidades podem oferecer é por meio da procura ativa por mudanças em seu ambiente físico: algumas propostas, das mais simples às mais complexas foram levantadas pelas participantes da auditoria.
O segundo Relatório traz uma retomada dos debates realizados no evento, trabalhando a partir da divisão entre a mobilidade insensível e a mobilidade sensível ao gênero, raça e clima. De um lado, os problemas cotidianos, que criam barreiras e segregam alguns corpos de espaços e vivências da cidade: pela sensação de insegurança nos espaços públicos, a imobilidade urbana das mulheres negras, ou pelos impactos desiguais das mudanças climáticas e da urbanização sobre os corpos negros. De outro lado, a abordagem de um planejamento sensível a gênero, raça e clima, trazendo a relevância da mobilidade ativa para o combate às mudanças climáticas e os potenciais femininos e femininos negros para a transformação. Tudo isso com poesia e com formulação de medidas práticas!
Seguimos na construção de uma cidade inclusiva para todas!
Vejam os relatórios nos links abaixo: